Quando as pautas econômicas aparecem no noticiário, é comum que surjam também uma série de siglas, referindo-se aos índices de preços. Eles são calculados por diversas instituições, tanto públicas, quanto privadas.
Entre esses índices, um dos mais importantes é o Índice de Preços ao Consumidor Amplo, conhecido também pela sigla IPCA. Mas, ainda que você já tenha ouvido falar sobre ele, será que sabe dizer o que é o IPCA e o que ele tem a ver com a nossa vida financeira?
O que é e para que serve o IPCA?
Criado em 1979, o IPCA é calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE). Ele é considerado um dos índices de inflação mais importantes e tradicionais do Brasil.
Como é o indicador oficial de inflação no país, ele é a principal referência usada por economistas, investidores e pelo próprio governo nas suas políticas públicas.
Aliás, o IPCA faz parte de uma importante estratégia de política monetária brasileira: ele é o indicador de referência para o sistema de metas de inflação, criado em 1999. Segundo esse sistema, o país se compromete a adotar medidas para manter a inflação dentro de um nível definido periodicamente pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
A função do índice consiste em medir a variação dos preços de uma série de produtos e serviços comercializados no varejo e consumidos pelas famílias brasileiras. O objetivo do índice é abranger 90% das pessoas que moram em áreas urbanas no país e o seu alvo são as famílias que recebem entre um a 40 salários mínimos, independente da sua fonte de renda.
O resultado do cálculo do IPCA aponta se houve uma média de aumento ou diminuição nos preços ou ainda se os preços continuaram estáveis de um mês para o outro.
Como o cálculo do IPCA é feito?
Atualmente, o IBGE acompanha mês a mês o total de preços de 374 itens que chegam à casa ou à vida da maior parte dos consumidores brasileiros.
Para chegar ao índice de inflação, são recolhidos os preços dos itens avaliados entre o 1º e o 30º dia de todos os meses em estabelecimentos de prestação de serviços, concessionárias de serviços públicos, como as fornecedoras de água ou energia elétrica, e na internet.
Essa é uma lista bastante diversa de produtos e serviços, que vão desde alimentos até cursos. Eles são divididos em nove grandes grupos:
- Alimentos e bebidas;
- Habitação;
- Artigos de residência;
- Vestuário;
- Transportes;
- Saúde e cuidados pessoais;
- Despesas pessoais;
- Educação;
- Comunicação.
Cada um desses grupos tem determinado peso no IPCA, correspondente a qual seria o seu peso dentro do orçamento da família média brasileira. Por exemplo, os itens de alimentação possuem um peso maior do que os relacionados à vestuário e comunicação.
Confira a seguir uma tabela que detalha esses pesos:
Grupo | Peso (%) |
Alimentação e bebidas | 19,3 |
Habitação | 15,6 |
Artigos de residência | 3,8 |
Vestuário | 4,6 |
Transportes | 20,6 |
Saúde e cuidados pessoais | 13,5 |
Despesas pessoais | 10,7 |
Educação | 6,1 |
Comunicação | 5,7 |
Por falar em peso, cada região do Brasil também tem um peso diferente no IPCA. Embora sejam recolhidos dados nas regiões metropolitanas de 16 capitais, cada uma tem a sua representatividade no cálculo.
Essa diferença é definida pela renda média das famílias: locais onde o rendimento é maior pesam mais no IPCA. O peso de cada região no IPCA está descrito na tabela abaixo:
Área | Peso (%) |
Rio Branco | 0,5 |
Belém | 3,9 |
São Luís | 1,6 |
Fortaleza | 3,2 |
Recife | 3,9 |
Aracaju | 1,0 |
Salvador | 6,0 |
Belo Horizonte | 9,7 |
Vitória | 1,9 |
Rio de Janeiro | 9,4 |
São Paulo | 32,3 |
Curitiba | 8,1 |
Porto Alegre | 8,6 |
Campo Grande | 1,6 |
Goiânia | 4,2 |
Brasília | 4,06 |
POF
Quando se fala no IPCA, logo somos levados a uma outra sigla: POF, que se refere à Pesquisa de Orçamentos Familiares. Isso porque é dela que o IBGE parte para elaborar a composição do conjunto de produtos e serviços que terão os seus preços acompanhados com regularidade.
Uma vez que os hábitos de consumo mudam e a cesta atual dos brasileiros já não é a mesma de 10 ou 20 anos atrás, a POF também precisa passar por atualizações de tempos em tempos. Quando isso ocorre, o cálculo do IPCA inevitavelmente também atravessa mudanças.
Tudo para garantir que o índice seja reflexo de algo o mais perto possível da realidade do brasileiro, assegurando a relevância da metodologia do indicador. Com isso, a composição do IPCA foi atualizada no início de 2020.
A versão atualizada da cesta do IPCA apresenta itens que não existiam há certo tempo, como transporte por aplicativos e serviço de streaming. As informações são da CNN e do InfoMoney.